sábado, 26 de janeiro de 2013

A Era dos jardins suspensos

Eu sou do tempo, da terra e do povo
Dos jardins suspensos.
Curtos: podados e pequenos.
Arestas aparadas no trecho de grama
Recluso entre casas e calçada.
O aperto dos terrenos privados
Que não cabem em si,
Vazando nas bordas
Através dos troncos tortos
De árvores esmeradas
Em estender o verde por mais um mísero metro
Sobre a via pública.
Dos jardins que pairam na mente,
Suspensos na imaginação
Daquilo que seriam, se ao menos...
Dos jardins alaranjados de Whisky
Fluindo na seiva supersticiosa
De gente que não sabe mais ser contramão.
We, the people.
We, the indigenous.
We, Iaras de metrópole,
Mitos de jardim na civilização.
Das lendas de tribos selvagens
Perversas em canibalismo
Serpenteando os jardins
Dos sonhos pequenos,
Imersos em autocomiseração.
We, que nos devoramos;
Que desaprendemos a dança,
O passo, o pulo,
De um trecho de chão
Para outro além das nossas mãos.
Vivo na Era dos jardins suspensos,
Proibidos na terra
E na emoção.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Marechal de cidade

Marcha, marechal, na aurora;
Manda na tua hora;
Mancha a camisa e desflora
Num rateio de emoção-desequilíbrio
Ratazana entocada
Esburacada rola os trilhos
Descarrilha, desvalora.
Manca torto e rato rua afora
Que o destino da tua vida,
Tua batalha, tua glória,
Não é teu, é de ninguém;
Não vem amanhã,
Nem vem agora.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Sentimento sem nome

Melancolia velha,
Letargia quente
Formigando a mente,
Nostalgia espelhada...
Reticência remitente,
Saudade vagarosa,
Espalhando esponjosa
Em veias antigas
Apagadas no contorno
Do rosto,
Retomada repentinamente.
Quase dúvida,
Ousada e descrente,
Mas amorosa,
Pousada e fluente.
A deriva sonhadora
Do passado no presente,
Imaginário do ausente,
Na corrente rápida do meio
Mas de bordas letárgicas
Sintônicas à margem,
Sinfônica miragem
De repente
Lentamente
Em estiagem.