terça-feira, 18 de agosto de 2015

Miro

(Vivir Sin Miedo - Buika)

Vide a miríade de águas correndo ali,
O bambuzal lamacento em que arrasto os pés aqui,
Miriã à beira do Nilo guardando o cesto
Paciente e displicente
Quase perdendo o rumo do embrião,
Ficando sem sexo nem compreensão do mundo
Ousando virar sacerdotisa de um deus sem nome,
Sem corpo, sem alma, sem chão.
Fazer o que?
Os votos da covarde ousadia têm de ser seguidos,
Os ritos, vividos e o medo das serpentes do rio, engolido.

180815

Vou sempre procurar abrigo na rotidão dos meus passos;
Chego algures e lá estão atrás de mim as caverninhas de terra amassada
Mal saídas da fornalha que levo nos pés dolorosos
E já aconchegadas no desassossego,
Mal-passadas sob o arrasto do meu vestido preto
Apagando tão logo acendem,
Assim as carrego.
Olho de relance o caminho passado,
Coleto nas íris os pãezinhos de massa mole e fria,
Venho aqui no caderno e os doo a quem doer quiser.

Vidoca

Quando foi a última vez que entenderam o que falava?
Deve fazer tanto tempo
Mas se nem eu mesmo ouvia,
Que dirá as mentes enfadadas
Cheias de outras vozes em si.
Devo falar em códigos demais
Ou vórtices
Ou vértices sem linha nem cor para encher a imagem;
Devo falar meio calada
Cansada de me dar aos quatro
Ventos
Exaurida e passada
Refletida em quase nada
Como a vista da ribanceira fracassada atravessada em minha cidade.
Se antes era Tietê berrando fétida à beira-estrada
Hoje estou mais Vidoca,
Trêmula com tanta troca de pele
Trazendo um cheirinho ralo de esgotinho mais ou menos.
Ralada de excessivo sentir,
Mas sem abandonar a dorzinha no fundo do leito
Que me fala ensurdecendo vocês todas,
Vozes de outrem.
Vocês aqui somem.
Passem longe dessa cerca quebrada;
Aqui só tem mato.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

040815

Depois de ontem me entupi de endorfina
Outra vez de álcool
E outra ainda cocaína
Ou morfina, não sei.
Antes de ontem vivia de hojes
Porém mal ouso continuar usando tal palavra.
Difícil saber quantos dias serão ontens amontoados daqui para... frente?
Roubaste meus planos e desesperanças.
Agradeço, detesto e lamento isso.
E agora?
Estranho esse agora...