sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Atormentado Pela Falta de Tormenta

Faltam-me excessos
Pra declarar o excedente
Do passado.
Tu não me sentes o suficiente
Pra eu conversar comigo mesmo
Um expediente:
Um comprovante em poema.
Estou indiferente
E isso não basta pra que eu tente ser poeta -
Será esta minha tormenta?

O Segredo

Sussurra, meu cuco,
A explicação do mundo
Aqui no meu ouvido -
Sussurra bem baixo
Que todo o mundo está ouvindo.
Murmura escuso
O significado disso tudo
Contra o muro
Do que é proibido ao fundo
Na minha humanidade superficial.
Esconde no telefone sem fio
Que eu prometo não retuitar.
Esconde em mim que...
Ahhh!
Eu já sei!
Ele me contou!
Eureka!

Que?

E quem te falou
Que eu vou passar o segredo?

domingo, 24 de dezembro de 2017

Callas

Eu já passei da tua imagem
Mas também não me venha
Falando de dores passadas -
Deixa que elas se entendam
Sem indireta colocação.
Coloca-te no teu lugar,
Naquele onde me deixa estar em paz,
E apaga os teus excessos no meu caminho -
Afaga a si mesmo os desacalantos
E os teus enganos,
Que eu não tenho mais obrigação de carinho
Mas não deixarei minha amabilidade
Pelos teus erros se apagar.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Que Soy?

Quien soy yo
Que não sei
Nem enganar
Ou manejar
Os seres mirins?
Quem sou eu que não sei
Nem manipular
Uma pequena conversa
De descoberta?
Quem sou eu
Se não sou um deus
A todo momento
Espreitando as mentes desconfiado -
Quem sou eu se não desafio
E só busco reafirmação?
Que soy yo
Se não deus
E assim infinito ardor?
Eu sou artista,
Pequeno poeta,
De infinita observação -
Eu vejo, entendo, mas não compreendo
Pois se compreendesse seria
Muito mais que a obliteração
De olhar e transcrever -
Muito mais que a arte.
A minha pequenez me incomoda
Pois sou humano demais
Praceitá-la.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Murmúrio

Ouve a deusa que te murmura sob a luz alta
Pois houve quem não a escutasse
E terminasse a noite sobre o escuso altar.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Imposição

Todavia te imponho
Uma curva de obrigação
De sentimento amargo
De errada aceitação
E nela me mato
Pois o que te obriga
Também te leva ao desdesejo
E aqui estou posto
Entre o exigir e negar prazer,
Tanto a mim quanto a ti
(mais ou menos).
Eu me renego por ti,
Para os outros
E pela tua boa vivência -
Eu te obrigo a mim, tão ridículo e aspargo,
Que até teu mijo fede desse passado
Onde sou obrigação.

Poema da Vida

Agora pouco eu conversava sobre a morte
Como se fosse uma coisa do passado;
Como se fosse uma dose de tequila
Ou de veneno amargo -
Tanto faz, a face se retorce igual.
Agora pouco eu contava um conto
De uma morte estranha
Como se houvesse estranheza
Entre os mortos e os vivos
E não passassem naturalmente os estados
Como uma fronteira
Entre o México e o canal do Panamá;
Como se a barca não passasse
Com naturalidade
Entre os lados daqui e dacolá.
Agora pouco eu contava uma história
Como se estivesse morto
E reiterasse os fatos
Reagarrando a terra entre os meus dedos.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Poeta Inebriado

Conforme a sugestão de texto automática do meu celular,
Vou começar falando de mim
E conforme a sugestão de contexto sintático proposto pelo vinho,
Vou recomeçar falando do ambiente
Propício à falastranice.
Vou dizer que talvez esteja de novo feliz,
Revigorado pelo menos no excesso de palavras
E na inconsequência que condiz
Com o estado alado
De deixar de lado
Na deixa poética do bom grado
A minha miséria de espírito
Por este falatório inconsequente
A que se resume um poeta inebriado.