segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Talvez

Por um momento esqueci
O que é pensar em você -
Num curto intervalo de tempo
Fingi que você não existia
E talvez eu tenha ficado melhor.
Mas talvez também eu tenha surtado
E pensado que eu preciso transar com qualquer um
Que parece com você.
Talvez eu tenha me amado tanto
Ao ponto de amar
O que você representa
E tudo aquilo que aguenta
Existir dentro de mim
Por causa docê.
Talvez, no fim das contas,
As minhas ideias de amor
Sejam tão internas quanto focadas nivocê;
Talvez na verdade eu não consiga parar de falar sobre o amor
Porque meu amor é tão absoluto
Quanto o discurso
Que eu fiz pra tentar me entender você.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Meu Cantinho

Eu quero criar o meu canto
Pra que nele o encanto de mim
Possa se desmanchar no pranto
E ainda assim ser entre quatro paredes
O meu charme
Imaginado nas redes do meu Bonfim,
Feito amarra que não se desfaz
Se não por um fim
Que posso desprender imerso no meu timbre.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Cansei de Falar de Amor

Eu já cansei de falar de amor,
Mas o amor não cansou de falar por mim.
Mesmo quando não estou amando
- Aliás especialmente nessa situação -
Ele entra sorrateiro na minha discussão:
Enquanto um hemisfério do cérebro dá argumentos
E o outro retruca,
O amor vem e dedilha os nervos do corpo caloso
Dizendo
"Não! Chega de bobagem!
Toma aqui uma estiagem pra abrandar tua amargura.
Toma como uma dose de uísque ou tequila
E augura besteiras mais leves que vão preencher teu ser."
Eu, então, calado
Consinto que de fato é mais gostoso me deixar aqui de lado
Por um tempo
Enquanto o amor cantiga uma emoção nas minhas conexões neurais.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Tremer

Temi que o meu encontro se perdesse,
Mas ontem o temor era que o encontro
Em seu excesso me esquecesse.
Temi perder os devaneios
E temi devanear,
Como se desvanecesse toda vez que mudo as margens
Da minha fluidez -
Como se não fosse fluxo a minha passagem
E insólita a própria solidez.
Eu temi o tempo
Sem perceber que o que acontecia
Era o próprio tempo a se temer -
Era o espaço que tremia dentro do acontecer.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Aluado

Quando descobri que ainda sou jovem
Decidi olhar a lua de relance
Por muito tempo
E nela vi uma metáfora nova
Sobre a fase cheia -
Mas só sobre essa,
Se não já vira tempo
E daí fica coisa demais pra falar;
O problema foi que me distraí
E quando vi falava de outra coisa
Porque também a música trocou
E eu dançava diferente
Com a sua luz branda resvalando no desenho do meu rosto
E rebatendo no olhar
Esvaziado pela plenitude de dançar um passo
Mais além do meu espaço.